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What drives innovation? | O que impulsiona a inovação?


English top | Portuguese bottom | five paragraphs

Editorial of Espaço Energia – Brazilian Open Journal of Energy

http://www.espacoenergia.com.br/edicoes/37/EE037-01-editorial-english.pdf

The formation of Silicon Valley, icon of technological innovation, was based on paradigms diametrically opposed to those advocated in so-called traditional management companies. There were four fundamental precepts engraved into the personality, character, mentality, and culture of people that became the driving engines of technological advancement in the age of the digital revolution. For the uninitiated, these four precepts may sound like out of place, especially since, even after fifty years, we still live in an environment that is totally averse to innovation. The four precepts are: 1) authority must be questioned; 2) hierarchies must be questioned; 3) nonconformity must be admired; and 4) creativity must be stimulated. There were two other salient features: there were no fixed working hours and no dress code. When telling the story, Walter Issacson, in his book “The innovators”, states that it was this way of working that allowed the creation of an environment conducive to innovation, revolution and technological evolution.

Why did Silicon Valley sprout on the west coast of the United States, on the other side of where the most famous technology companies were based, which enjoyed an unquestionable reputation in their business? One of the reasons is that new innovative initiatives should stay as far away from the current culture as possible so that they are not contaminated by the bureaucratic mentality and the day-to-day business demands of East Coast corporations. This was exactly the case at Xerox PARC (Palo Alto Research Center). An administrative unit focused on innovation must be segregated from day to day, headquartered in a different location, have freedom in terms of processes and the way it functions and, finally, be independent.

Unfortunately, the lessons from Silicon Valley seem to have had no influence on Brazilian business culture. This is so true that, if an executive of a company hears the four concepts on which the enterprise was formed in isolation, it will sound like madness, something completely devoid of reason. This attitude naturally extends to companies in the electricity sector. If it weren't for the compulsory incentive programmes, especially the R&D Programme of the national agency for electrical energy (ANEEL), the sector could possibly be far below what it is in terms of technological development. Another sign of the anti-innovation attitude on the part of companies in the sector is that the R&D programme does not receive the due institutional value, much less do those entrepreneurs who venture into innovative achievements in search of new products that bring real differentials get support.

The day-to-day activities of a company require constant care, compliance with established rules to ensure safety in actions and rigour in procedures. This is essential to guarantee that everything runs smoothly in the management of the company. Innovation-oriented activities, on the other hand, require an attitude whose main characteristics are opposed to these. They are strongly based on experimentation, aiming at the generation of prototypes, which precede actions that are strongly rooted in the business culture, such as opportunity analysis, market attractiveness assessment, market research, financial analysis, and technical and financial feasibility. An environment conducive to innovation favours experimentation, as opposed to what is important for the environment in which the vast majority of technical and management activities is carried out.

What drives innovation is experimentation free from the other concerns of business planning and management, together with the motivation to create solutions and solve complex problems, the freedom, both to find the best way to work, and to act flexibly around processes and, finally, something that may sound strange in the business world, to the dream of individuals who seek to carry out works that bring a differential. All these characteristics, in contrast to those necessary for other business activities, which are equally important, corroborate Silicon Valley's initiative to segregate environments destined to the two types of activities, creating a culture that is effectively conducive to innovation. It can be clearly seen that attitude is more important than any incentive mechanism, which, naturally, is also of great value, especially to mitigate the problems intrinsic to the lack of an adequate attitude towards innovation.


Editorial do periódico Espaço Energia – Brazilian Open Journal of Energy

http://www.espacoenergia.com.br/edicoes/37/EE037-02-editorial-portugues.pdf

A formação do Vale do Silício, ícone da inovação tecnológica, baseou-se em paradigmas diametralmente opostos àqueles preconizados em empresas ditas de gestão tradicional. Havia quatro preceitos fundamentais “entalhados” na personalidade, no caráter, na mentalidade e na cultura das pessoas que se tornaram os motores propulsores do avanço tecnológico da era da revolução digital. Para os menos avisados, esses quatro preceitos podem soar como algo descabido, especialmente porque, mesmo depois de cinquenta anos, ainda vivemos em um ambiente totalmente avesso à inovação. Os quatro preceitos são: 1) a autoridade deve ser questionada; 2) hierarquias devem ser questionadas; 3) o inconformismo deve ser admirado; e 4) a criatividade deve ser estimulada. Havia ainda duas outras características marcantes: não havia horas fixas de trabalho nem código de traje. Ao relatar a história, Walter Issacson, em seu livro “The innovators”, afirma que foi essa maneira de funcionar que permitiu a criação de um ambiente propício à inovação, revolução e evolução tecnológica.

Por que o Vale do Silício surgiu na costa oeste dos Estados Unidos, do lado oposto de onde estavam sediadas as mais famosas empresas de tecnologia, que gozavam de reputação inquestionável em seus negócios? Um dos motivos é o de que as novas iniciativas inovadoras deveriam ficar o mais longe possível da cultura vigente para que não fossem contaminadas pela mentalidade burocrática e pelas demandas cotidianas dos negócios das corporações da costa leste. Este foi exatamente o caso da Xerox PARC (Palo Alto Research Center). Uma unidade administrativa focada em inovação deve ser segregada do dia a dia, sediada em local distinto, ter liberdade quanto a processos e quanto à maneira de funcionar e, enfim, ser independente.

Infelizmente, as lições do Vale do Silício parecem não ter exercido influência alguma sobre a cultura empresarial brasileira. Tanto isso é verdade que, caso um executivo de uma empresa ouça isoladamente os quatro preceitos em que se baseou a iniciativa, parecer-lhe-á simplesmente loucura, algo completamente destituído de razão. Essa postura, naturalmente, estende-se às empresas do setor elétrico. Não fossem os programas de incentivo compulsórios, especialmente o Programa de P&D da ANEEL, possivelmente o setor estivesse hoje muito aquém do que está em termos de desenvolvimento tecnológico. Outro sinal da postura anti-inovação por parte das empresas do setor é o de que o programa de P&D não recebe o devido valor institucional, muito menos obtêm apoio aqueles empreendedores que se aventuram em realizações inovadoras em busca de novos produtos que tragam reais diferenciais.

As atividades relacionadas ao dia a dia de uma empresa exigem cuidado constante, observância às regras estabelecidas para conferir segurança às ações e rigor nos procedimentos. Isso é essencial para que tudo corra bem na condução da empresa. As atividades voltadas à inovação, por outro lado, exigem uma postura cujas principais características opõem-se a essas. Elas são baseadas fortemente em experimentação, visando à geração de protótipos, a qual antecede ações que estão fortemente enraizadas na cultura empresarial, tais como análise de oportunidades, avaliação de atratividade do mercado, pesquisa de mercado, análise financeira e viabilidade técnica e financeira. Um ambiente propício à inovação privilegia a experimentação, ao contrário do que preconiza o ambiente em que é desempenhada a grande maioria das atividades técnicas e de gestão.

O que impulsiona a inovação é a experimentação isenta das demais preocupações de planejamento e gestão empresariais, juntamente com a motivação para criar soluções e resolver problemas complexos, a liberdade, tanto para encontrar a melhor forma de trabalhar, quanto para agir com flexibilidade em torno de processos e, por último, algo que pode soar estranho no mundo empresarial, ao sonho de indivíduos que buscam realizar obras que tragam diferencial. Todas essas características, em contraste com aquelas necessárias às demais atividades empresariais, igualmente importantes, corroboram a iniciativa do Vale do Silício de segregar os ambientes destinados às duas vertentes, criando uma cultura efetivamente propícia à inovação. Percebe-se claramente que a postura é mais importante do que qualquer mecanismo de incentivo, que, naturalmente, também tem grande valor, especialmente para mitigar os problemas intrínsecos à carência de postura adequada à inovação.



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